VarigLog terá concorrência em Leilão

[LipeGIG]

O Globo - 04.07.2006

VarigLog terá concorrência em leilão

Erica Ribeiro

 

RIO e SÃO PAULO. Os credores da Varig decidem no próximo dia 10, em assembléia no Rio, se aceitam a proposta de compra da VarigLog, no valor de US$ 495 mihões. Se for aprovada, o novo leilão acontecerá dois dias depois. A assembléia é necessária porque o modelo de venda de ativos da Varig, que tinha sido aprovado pelos credores, foi alterado com a oferta da VarigLog. A ex-subsidiária da Varig, no entanto, terá um concorrente no leilão. Um grupo liderado pelo ex-presidente da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) Roberto Procópio Lima Netto tem uma proposta pronta, como divulgou a coluna de Ancelmo Gois no GLOBO ontem. O grupo oferece US$ 600 milhões.

 

A partir de hoje os credores da Varig podem ter acesso aos detalhes da proposta da VarigLog. A oferta prevê a continuidade da antiga Varig — parte que não será vendida em leilão e ficará com a dívida — que poderá ter operações de vôo a partir da incorporação da Rio Sul e da Nordeste Linhas Aéreas. Também haverá um contrato de fretamento com a VarigLog. Consta da proposta a possibilidade de a antiga Varig operar vôos de forma autônoma.

 

O Centro de Treinamento de Tripulantes, considerado um dos melhores ativos da Varig, fica com a empresa antiga, que permanece em recuperação judicial. A nova Varig terá um contrato de prestação de serviços com o centro. Quanto à participação da antiga Varig e dos trabalhadores — de 5% cada grupo — na nova empresa, a garantia será a emissão de debêntures conversíveis em ações. A VarigLog garante o pagamento de US$ 4,2 milhões por ano mesmo que a nova Varig não dê lucro. Com relação aos trabalhadores, o pagamento será para abater créditos extraconcursais (fora da recuperação judicial) e depois os concursais (negociados dentro do plano).

 

O outro consórcio interessado na Varig inclui a Cinzel Partners, empresa com sede nos EUA. Marcelo Bastos, sócio da Cinzel, disse ontem que se o consórcio for vencedor terá Lima Netto na presidência da nova empresa, além dos executivos que participaram da reestruturação da CSN. Segundo Bastos, o grupo tem como investidores fundos estrangeiros:

 

— Temos condições de pagar mais pelos ativos com um modelo de venda que prevê investir na nova empresa e colocar recursos na antiga, em valores superiores aos US$ 20 milhões que a VarigLog está disposta a colocar (de forma emergencial, até o leilão). A nova modelagem teria que ser apresentada aos credores antes. Se isso não acontecer, vamos ao leilão.

 

A VarigLog fez novo depósito na conta da Varig ontem — os valores não foram divulgados. Até sexta-feira foram depositados US$ 7 milhões.

 

Empresa cancelou 191 vôos ontem

 

Bastos disse que o grupo tem condições de cumprir as exigências do leilão, como o depósito judicial de US$ 22 milhões, para cobrir despesas da VarigLog, acrescidas de multa de 10% sobre o valor investido, além de fiança bancária de US$ 100 milhões.

 

A Varig cancelou ontem, até as 17h, 191 vôos dos 374 programados, o equivalente a 51,07%. Segundo a Infraero, foram 165 dos 317 vôos domésticos e 26 dos 57 internacionais. A Varig pagou à estatal R$ 175 mil em tarifas de embarque para garantir a operação hoje. Desde sexta-feira, a Infraero vem cobrando à vista.

 

A companhia também informou à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) a prorrogação até 11 de julho da suspensão de rotas nacionais e internacionais, iniciada no dia 21. Já a Anac informou que o plano de emergência vai até o dia 10. A Varig está voando para 26 destinos.

 

Aeroportuários (funcionários em terra) de todo o país cruzam os braços hoje e amanhã para pressionar a Infraero e o governo a aprovar reajuste salarial e o Plano de Cargos e Salários, em discussão desde 2003. A categoria tem 10 mil trabalhadores que cuidam da segurança dos aeroportos. A Infraero garantiu a normalidade das operações, mas o sindicato da categoria diz que segurança de vôo durante a paralisação será precária.